segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Lugar.

          Não há que se pensar a respeito. A poeira foi intencionalmente baixada, mas não antes que se pudesse por toda a sujeira mais espessa para debaixo do tapete. E é até possível ver através da fuligem. Vejo dor, vejo mágoa, vejo pouca disposição. Mas não consigo me enxergar no cenário que eu preparei com tanto esmero. Não me encaixo nem pareço mais tão adequada a ele. Embora raro, há casos em que o criador perde o contato com a significação das coisas e não mais pode ser reconhecido por elas...

          Então o passo mais adequado seria criar um outro espaço, adequar o velho espaço ou não precisar de qualquer espaço. A única constante é não poder permanecer no mesmo lugar, não ter que assistir aos acontecimentos de forma passiva nem deles ser vítima.
Redecorar, ocultar os defeitos com papel de parede mal colocado e pintura frágil ou reconstruir?
Como pesar o melhor resultado? Não só como vai aparentar, mas como tudo isso vai resistir ao tempo? Se resistir, como estará em alguns anos? As rachaduras deixarão aparentes os defeitos?

          E num cenário novo, quem serão os personagens? Os mesmos, com os mesmos papeis? Os mesmos, realocados de acordo com a disponibilidade de papeis? Novos personagens nos mesmos papeis? Novos personagens, novos papeis???
Um novo local de ancoragem necessita ser firme, seguro, único. Dificilmente reconstruir um velho porto resulta em bons resultados. Há que se definir pelas novidades de demanda, pela disponibilidade de material e disposição do construtor... Coragem pra mudar!
Deturpada mente construtora, que após destruir o que havia de seguro, aventura-se numa empreitada quase às cegas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário