segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Palavras.

          E cada palavra dita era dotada de uma verdade que incomodava, magoava, agredia. Todos no recinto sabiam disso, inclusive ela. Mas nem por isso precisava ser dito. Aquelas palavras lhe trespassaram a alma como a mais cortante das lâminas, diminuindo sua força que já andava débil e foi nesse momento que seus olhos encheram de lágrimas... Mas ela não chorou! Chorar seria enfraquecer ainda mais e isso simplesmente não era mais possível. As palavras guardadas a tempos vieram até a ponta da língua e por lá pairaram por um bom tempo, solicitando, pedindo, implorando que alguém mexesse na ferida de novo. Ela teria dito, sem muita dificuldade, pois o momento era de vulnerabilidade completa. Doeria mil vezes mais e ela não sairia intacta dali, mas talvez (assim ela o desejou, com a força que nunca teve) o peso que carregava em silêncio por tanto tempo sumisse de repente, como se existissem milagres...

          Não, ela não cria em milagres, embora um milagre fosse tudo o que precisava naquele momento. No mesmo instante lhe vieram à cabeça mil motivos pelos quais se sentia vulnerável e sem ter em quem se apoiar, porque nenhum colo seria de compreensão, pois não se pode compreender o que não foi dito, ela esperou. No fundo ela queria que eles soubessem sem que ela precisasse falar... No fundo ela crê que eles saibam. Ela precisa que eles saibam...

          Permanecendo sentada, ela esperou que o vento levasse embora as marcas que da alma jamais sairiam. Nos olhos, mais que a vermelhidão da dor revelada, trazia um olhar que nada ousava desejar. Sorriu mil vezes mais depois de tudo. Quando a hora fez-se pródiga, terminou de engolir as palavras que ouvira, levantou-se e foi-se embora, antes tendo se certificado de que carregava a dor que para lá levara.

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